18.6.11

Vírgulas






Eu sempre encarei as minhas dores porque minha filosofia de vida e de geração me diziam que só assim eu amaria a vida e só assim eu me imporia perante a vida e perante mim mesma. E hoje não reconheço as minhas vírgulas no espelho, não reconheço meus olhos que não sabem chorar e meu coração que não se desespera diante da face desnuda do próprio desespero. Mas descobri que o hoje é só uma imagem, e meu reflexo é só uma vírgula, e eu, pela primeira vez, me dei ao luxo da covardia.
Fernanda Pettersen de Lucena