2.12.19

Insignificante

Tenho pensado tão pouco no meu caminho que tenho me ignorado na caminhada.
Tenho sido gigante nos meus sonhos, sem perceber-me enquanto insignificante grão de areia.
Era tão fácil encontrar-me e tão desesperador estar perdida. A experiência de (re)encontro era sempre uma epifania, um emaranhado de emoções que me preenchia da certeza de que ser-me complexa e plural era meu estado de paz, de incompletude aceita e abraçada.
Hoje não sei da caminhada. Encontrei-me num estado de letargia sem fim, de inércia perante a vida, que segue em compasso acelerado, enquanto permaneço em pausa. Quero ser capaz do meu antigo contentamento pelo não me entender, porque hoje simplesmente não me debruço sobre minha incompletude de existência.
Tenho me saciado com uma felicidade clandestina e passageira, que responde a demandas que não me pertencem, quando estar feliz deveria me consumir por dentro, acender a chama sob a luz das estrelas, e não sob a luz dos olhares alheios. Quero ter a compreensão da vastidão da minha vida, e não a restrição ao meu ego inchado e limitado a ostentar o que tenho ou conquistei, porque daqui nada se leva, e porque eu sou além e independente do que você me vê.