31.12.09

Pensar...


"You cannot find peace by avoiding life."
(WOOLF, Virginia, 1915 a 1941)

30.12.09

"About love, overcoming all obstacles..."


Há limite para os "sacrifícios" que fazemos "por amor"? Ou talvez a pergunta certa seja: o amor exige de nós "sacrifícios"? Para a primeira pergunta, a razão responde: SIM, há limite, a saber, nós mesmos. Ultrapassar esse limite é tornar-se uma "Joana D'arc" dos relacionamentos. Para a segunda pergunta, o bom-senso responde: NÃO, o amor não deveria exigir "sacrifícios", pois tal sentimento pressupõe que alguém te ame pelo que você é, carregando o "pacote" inteiro, por assim dizer, ou seja, as qualidades, mas também os defeitos, pois já dizia com sapiência Clarice Lispector: "Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro." Então, o que na verdade o amor exige, a propósito, como todo e qualquer relacionamento, é que se façam algumas cessões para que a boa convivência possa ser viável, afinal de contas, é óbvio que os indivíduos envolvidos têm suas peculiaridades, diferenças e manias que podem colidir. Portanto, deve haver um esforço de ambas as partes para que a vida a dois seja pacífica e agradável, sem desentendimentos ou desapontamentos.
Mas como diferenciar uma cessão de um "sacrifício"? Ah, a resposta a essa pergunta é aparentemente simples, mas essencialmente muito complexa, pois está no fato de que as cessões, em termos de relacionamentos amorosos, correspondem, entendo eu, a abrir mão de alguma coisa que não vá alterar a essência de nós mesmos, ou que vá manter nosso "eu mesmo" vivo. Já os "sacrifícios" equivalem a um suicídio. Sim, um suicídio de nossa essência ou de parte de nossa essência, creditando tal feito em prol de outrem. Diriam uns, que o suicida in casu é o famoso mártir. Mas eu realmente tenho minhas dúvidas a respeito. Quero dizer, em alguns casos, há uma certa tendência a "mendigar amor", vestindo de trapos as divergências que se têm com o parceiro, e fazendo pouco delas, quando, em verdade, deveriam ser debatidas pelo casal (a DR* básica) para o alcance de algum consenso. Em síntese, muitas vezes sacrificamos um ponto crucial da nossa composição enquanto indivíduos para agradar alguém, por falta mesmo de compreensão de nós mesmos, por não entendermos a suprema importância de ser quem somos, e por não abraçarmos o fato de que, numa relação, nossa solidão convive com outra solidão, em sua inteireza, em sua completude, não pela metade, porque solidão pela metade não é solidão, queda-se isenta de sentido... Assim como amar pela metade não é amar, pois a grandiosidade desse sentimento não permite que hajamos como seres mesquinhos: "Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa." (Fernando Pessoa).
* DR = Discutir o Relacionamento.

21.12.09

Arte HOJE...


CARLOS LUCENA

"A música é a arte de manter acesa a luz da vida." (LUCENA, Carlos. Cantor e compositor mineiro).

"Não haja força para entender Lucena, haja consciência de que os magos existem ainda." (Roberto Marcos, escritor e radialista).

Info.: www.carloslucena.com.br
http://amusicaquevemdeminas.blogspot.com/2009/11/carlos-lucena-pomar-dos-deuses-1992.html

Arte pra não esquecer...



ELIS REGINA

"...Hoje talvez eu esteja muito mais tranqüila em relação ao passado e mesmo ao presente, para poder até controlar o grau de emoção que posso soltar, para não me machucar. Você não pode ser uma Joana D’Arc todos os dias porque acaba realmente queimada. O que consegui com o tempo foi não bloquear a emoção, deixar que ela venha, mas não ser a Joana D’Arc, não ter pena de mim. Eu sou uma profissional, quando estou no palco represento de verdade, mas sei que estou apenas representando..." (REGINA, Elis. 1945 a 1982. Entrevista concedida à revista Veja, em 1978).

Arte pra não esquecer...

TOM, VINÍCIUS, ELVIS, BEATLES...

"A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida." (MORAES, Vinícius. 1913 a 1980).

"Fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho." (JOBIM, Antônio. 1927 a 1994).

"Can't help falling in love." (PRESLEY, Elvis. 1935 a 1977).

"Oh, yeah, I'll tell you something I think you'll understand, when I say that something, I wanna hold your hand." (The Beatles, I wanna hold your hand).









É preciso saber viver!

MAHATMA GANDHI

"As religiões são caminhos diferentes convergindo para o mesmo ponto. Que importância faz se seguimos por caminhos diferentes, desde que alcancemos o mesmo objetivo?" (Mahatma Gandhi, 1869 a 1948).

Saber viver também é uma arte.

Fazer da vida uma obra de arte...

PABLO PICASSO

(Guernica, 1937, Exposição Internacional de Paris).

"Não há, na arte, nem passado nem futuro. A arte que não estiver no presente jamais será arte." (PICASSO, Pablo. 1881 a 1973. Cubismo).




De fato, não existem pessoas à frente do seu tempo. Existem pessoas completamente integradas ao seu tempo, capazes de traduzir uma época e um tempo, em suas respectivas singularidades, para o alcance e apreciação por parte das futuras gerações.

20.12.09

Aos meus





Viver é um risco? Sim? Andar no escuro não é assumir os riscos do próximo passo?

Meu passo foi dado. Assumi o risco de viver. Todo dia. Mas ainda assim, tenho medo. Isso faz de mim uma covarde? Não. Estou superando. Quando me inclinei e aceitei o que não é certeza. Quando me lancei à sorte de um destino que se constrói dos riscos que assumo, timidamente, mas sem tirar a coragem da minha escolha.

Estou sozinha? Sim? Cada dia mais. Os riscos que assumo não visam à minha solidão. Mas são meus. As escolhas são minhas, os efeitos colaterais incidirão sobre mim.

Não estou abandonando ninguém. Só estou enxergando que a estrada é minha. Que as pernas e dores que a percorrerão serão minhas. Mas dividirei as alegrias. Ah, sim. Dividirei as alegrias porque quero lhe mostrar que tenho colhido frutos. Tenho colhidos os sorrisos, e você saberá deles, não te esconderei nenhum.

Portas abertas

19.11.2009

Minha alma indomável, tal qual as minhas mãos, vacilantes e errantes, galopam ao ritmo do vento.
Veia inflamada de todo sentimento, à bordo de um navio ao alento do mundo.
Meus braços abertos, suados, imersos no abraço de um segundo perdido, vencido, partido, encontrado, afinado.
Seus olhos, uma estrada. Suas mãos, meus passos. Seus beijos, um laço. Portas abertas...

Estou indo embora



24.01.2009

Quero voltar. Quero muito ir embora para um caminho que me leve a mim mesma. Quero abandonar-me para buscar-me. Já não posso ficar, eu não caibo mais em mim.
Vou correr de braços abertos para alcançar-me, desbravando a terra que me habita, cravando sobre meu colo a bandeira branca da esperança. Porque eu também espero. E vivo para isso. E morro por isso. E enquanto não me devorar, serei apenas uma espera, uma reticências no meio da estrada.
Quero rasgar com as unhas esta carne minha e beber-me o sangue lentamente, até a última gota, até estar saciada de mim. E então vou dormir o sono dos imortais, porque quem se tem e quem se é, vive na eternidade.

Vermelho


10.11.2008

Nem este vermelho pintando-lhe esta boca pálida. Nem este vermelho escondendo tudo o que quer dizer esta boca pedinte. Nada, nem este vermelho, outrora cor de paixão, poderá hoje tapar-lhe o sangue que lhe fugiu deste rosto vermelho como a cor que tenta fazer-se impor nesta boca imprecisa.
Nenhum vermelho de todos os tons poderá ser mais fiel ao que habita uns olhos vazios, uns olhos salgados como as águas que banham as areias e levam alguns grãos sem pedir licença. Uns olhos que roubam o vazio do vermelho que se impõe na boca que jamais se pronunciará sem este tom escuro sobre os lábios de uma menina.

Perdida



23.09.2008


A verdade é que passei a vida inteira lutando para que as pessoas não me perdessem. Nunca tive medo de perder, mas sempre me acompanha o temor de ser perdida. E luto bravamente, uma luta insana e absurda para que não me percam enquanto eu as tenho tão vivas nas minhas últimas palavras e no eco destas, que parece sempre infinito.
Insisto até o findar dos gestos que já não são meus, até que me esgotem as últimas forças... Para que me veja como perdida no vão da estrada, esta sim, só minha. E vejo ao longe as lembranças que atravessam as ruas da minha memória, do pequeno mapa-mundo sobre o qual deslizo os meus dedos em busca de um caminho que nunca esteve escrito.

A Grande Resposta

19.08.2008

Porque nunca sei dar o primeiro passo. Porque, apesar de tudo, continuo sempre esperando... Esperando. E morro em um olhar que eu julgava verdadeiro; sucumbo perante umas palavras que realmente me aqueciam o coração. Estou novamente perdida no vazio e na escuridão da minha solidão nua... Sem enganos, sem pressa e sem resposta. Porque não há resposta pra mim nesse mundo. Só potência. Uma tristeza potencial, cansada até para demonstrar a paixão das tristezas arrebatadoras; sim, porque também há paixão inerente às tristezas, quando violentas e fugazes.
Quão miserável sou para caminhar vestindo de trapos essas linhas? Para mendigar amor através das palavras que brotam de mim e sobre as quais não tenho controle? Eu, que sou intensa, que quero brilho no olhar! Eu, que sou a grande resposta pra mim.

Sertão

23.04.2008

Vêm brotando sertões em meus olhos... Eles andam secos e vazios por fora. Não chove e já é tarde.
Toda cor que eu olho é um caminho diferente. Minhas escolhas maduras e envelhecidas. Minhas escolhas encharcadas de emoções, mas rígidas... A insistente feição seca e vazia da minha existência temporária.
Não quero ser compreendida! O sertão não é descoberto, espinho por espinho, pedra por pedra... Se fizer sentido, ele deixa de ser sertão. Sua essência é seu mistério. Não me entendam, não há o que entender. Sou só isso e é o bastante. A compreensão é perfeita e quero me distanciar da perfeição... Não tem graça. A perfeição é rua sem saída.


Os Instantes

02.05.2007

Hoje ninguém olha nos meus olhos, porque eles são um caminho sem volta, são um abismo rumo à infinitude de todas as minhas esperas.
Hoje não tenho janelas nem alma, e minha fuga são todas as manhãs incertas e noites ímpares.
Hoje sou tão real que me doem os olhos, acostumados a doces enganos pueris.
A realidade é um instante muito doloroso que tropeça às vezes no engano que é a vida. Mas é só um instante. Abracadabra!

Uma prece a um certo João


Deus, eu quero rir um riso imenso, depois chorar todas as não-razões desse meu deslize. A felicidade parece um deslize em meio às dores insuportáveis que assolam as veredas do meu País.
Deus, descobri de novo que não sou nada... As minhas revoltas interiores não saem do meu coração. Eu queria lutar, mas as minhas armas são apenas um olhar inundado, um grito sufocado e alguns minutos.
Deus, eu queria ser mais forte, para erguer a minha vista e protestar. Mas eu fecho os olhos e rezo para que protestem os homens que têm voz.
Deus, eu olho em volta buscando vorazmente alguém fraco como eu, pequeno como eu e intensamente fora de si e cada vez mais dentro de outras mentes, tendo outras peles, outras vozes... Sendo as pétalas desfeitas de um enterro.

Os Filhos Pródigos

31.08.2006

Uma sociedade feliz, irremediavelmente feliz. Ansiosa pela derrota do outro, pela queda que arranca gargalhadas, agressivas gargalhadas, das bocas expressivas, que fazem doer as barrigas cheias dessa burguesia excessivamente feliz.
Os olhos vermelhos de vontades, os olhares curiosos e suplicantes clamam pela morte. Desejo de morte. Sede de morte. Aprendizes da morte!
A morte, que promove a seleção dos filhos da Nova Era. Os filhos do ápice do sistema capitalista. Filhos da tecnologia, da globalização sem respeito nem escrúpulos. Filhos da velocidade, da violência, da veemência. Eis a Era da coisificação dos homens, dos sentimentos e do espaço.


Os Refugiados

08.02.2007

Estou novamente de mãos atadas. Largada nos olhos suplicantes que passam despercebidos pela falsa glória dos imponentes.
Mas já não consigo chorar... Não me basta! Quero a fúria dos grandes mares, essa força crescente da revolta da natureza. Uma revolta que também é minha, para que me torne capaz de sentir essas dores que eu não tive, para carregar filhos que não são fruto do meu ventre, para morrer numa morte que não é a minha...
Por que insiste em me dar outros olhos? Uns olhos tristes demais para serem os meus... Uns olhos cansados de ver tudo aquilo que eu não vi. Olhos grandes demais para a pequenez de minha alma.

Refém da Noite

06.04.2006

Um dia eu sei que vão me jogar uma rosa e que ela será eterna. Eterna como o silêncio dos dedos mudos de uma madrugada sem par.
Sei que vou cair de emoções dentro de uma dessas palavras que não cabem em si, como eu não caibo em mim.
Essa meia-luz que incide em minha alma será mais que metade quando um solo de saxofone me beijar em cores.
A magia dos horizontes que experimento se converterá em uma explosão de beleza do indizível.

Nova Era



09.03.2006

Hoje sou uma gota de chuva que escorre pelas paredes de todo canto do mundo.

Sou o céu negro que espera ansioso pela chegada do sol.

Sou o olhar que contempla as madrugadas sem par.

Sou a lua que se encerra atrás das nuvens.

Sou a melodia que toca antes mesmo de ser escrita.

Hoje eu sou o ontem que traja as vestes incertas do amanhã.

Sou aquela que olha todas as janelas sem ninguém para contemplar a chuva.

Hoje eu sou um Brasil com tanta África!

Amanhã serei apenas eu mesma... .

Carrego em mim todas as alegrias e dores de uma metade.

Introdução

08.05.2006
Porque sempre haverá espaço para recomeçar, deixem-me crer. Somos vários nascimentos e mortes; somos partos e enterros a cada olhar...

Não são as mesmas dores e tampouco as mesmas alegrias. Nada aqui será igual porque nós amadurecemos e nós somos também as nossas palavras. As nossas dores e alegrias não serão mais apenas dores e alegrias, o Tempo as fará Senhoras!

Dei-me ao luxo de uma introdução porque _ tantos porquês (...) _ cada começo merece uma comemoração; é tão difícil e necessário quanto o fim...

Contemplemos o renascer do Sol!