5.3.10

Cartas ao tempo. (8ª)


Um lugar qualquer, 18 de dezembro de 2008.

Estou procurando. Estou buscando desesperadamente algo que não sei explicar, como se eu persistisse em minha existência em virtude da esperança de encontrar este algo que me é essencial. Tateio no escuro com as mãos vazias, sempre vazias. Sigo no escuro, com os olhos tristes e desejosos.
As palavras tornam-se pequenas e insuficientes em certos momentos em que eu não caibo dentro de mim, em momentos em que parece que tudo é vão e que, por mais que brotem palavras das minhas mãos ansiosas, não haverá tradução para o que habita a escuridão e o mistério de uma noite despovoada de sonhos e de estrelas.
E, no entanto, sei que minha fraqueza é temporária, sei que estou desistindo para acreditar de novo, para buscar força nesse momento em que não sou nada por não conseguir expressar o todo que me torna tão pesada de ser-me.
Não há outra forma de viver se não lutando por ideais, mesmo que pareçam sem sentido, pois a própria vida não faz sentido e isso faz dela ainda mais extraordinária. Não há outra forma de viver, sobretudo, se não acreditando, tendo fé, pois sem a fé não há sonhos e sem sonhos não há motivo para existir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário