5.3.10

Cartas ao tempo. (10ª)


Um lugar qualquer, 27 de junho de 2009.

Há tempo para tudo, há uma trajetória que deve ser seguida e respeitada, ainda que seja traduzida em silêncio. E como o silêncio é um poderoso caminho!
Só quero escrever quando houver respeito à minha trajetória, ao meu tempo de amadurecimento. E por isso cá estou novamente: porque as palavras que ainda ontem estavam verdes, hoje estão tão maduras quanto a minha dor e a clareza com a qual miro os segundos que escorreram dos meus dedos.
O Tempo tem sido muito bondoso comigo, fazendo-me crescer de dentro pra fora, através do aprimoramento dos meus sentidos e dos meus sentimentos para com o mundo e, principalmente, para com as pessoas. O Tempo tem me feito questionar toda a realidade aparentemente tão certa e tão sólida. Tem me feito indagar até que ponto os laços que criamos são verdadeiros; até que ponto não são forjados pelos interesses que inventam os sentimentos. E essas perguntas me trouxeram uma certeza tão absoluta quanto a vida e a morte: só o tempo acertará ou desatará os laços, falsos ou não.
E depois de uma tempestade que tive de atravessar sozinha, criei raízes mais fortes em mim. Mas assim que cessou o período de turbulência, senti-me acolhida e abraçada por pessoas que sempre estiveram à espreita em minha vida, pessoas que zelam pelos meus passos e que, com a força de suas palavras, fazem raiar aurora em meu coração secular.
Por mais que haja amparo de pessoas queridas, as adversidades são, essencialmente, períodos a serem enfrentados por um “cavaleiro solitário”, com uma rosa em punho e o olhar sempre adiante. É realmente muito desgastante deparar-se com a completa solidão à luz do dia, sem pudor. Mas eu nunca tive mesmo pudor para ser-me só.

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